5 de nov. de 2011

― Sou evangélico!! — É... de qual evangelho??


É isso mesmo. Não me enganei no título... para muitos o normal é perguntar: “De qual igreja?”, mas acredito que faz mais sentido no contexto atual perguntar: “De qual evangelho?”. Como assim? Bem, o “evangelho”, define a “igreja”.

Não quero iniciar uma discussão com base em palavras... se bem que os conceitos são muitíssimo importantes. Mas... de que “evangelho” estamos falando? De que “igreja” estamos falando? Não estarei aqui discutindo as diferenças entre os muitos conceitos atuais, embora também seja muito pertinente, mas estou refletindo sobre o fato de que o termo “evangélico” hoje não identifica um grupo homogêneo em fé e prática.

Precisamos admitir que há diversos “evangelhos” hoje em dia, e consequentemente, diversos tipos de “igrejas”. Bem, isso não é um problema novo. Os apóstolos (me refiro aos assim denominados nas páginas do Novo Testamento) já lidavam com esse problema. Diversas epístolas mostram o combate pela fé evangélica, devido a mestres que introduziam outros evangelhos. Paulo mesmo foi um dos que compreendia sua missão não somente de pregar o Evangelho, mas de também trabalhar pela defesa do Evangelho (Fp 1.17).

Mas há um verdadeiro Evangelho, este é o “evangelho de Cristo… o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rm 1.16), mas que também é o Evangelho pelo qual "Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo” (Rm 2.16). É o “evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (II Co 4.4), que exalta a Cristo, Verbo Eterno de Deus. É o evangelho da graça de Cristo (Gl 1.6), que apresenta o homem como necessitado da misericórdia de Deus, por causa do seu estado de queda. O verdadeiro evangelho glorifica a Deus, exalta a Cristo, porque anuncia “por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo” (Ef 3.8), que somente são compreendidas pela ação da graça, operadas pelo Espírito Santo, que convence o homem “do pecado, e da justiça e do juízo” (Jo 16.8). É o evangelho que anuncia a “a palavra da cruz” que “é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (I Co 1.18). É o evangelho que anuncia a sabedoria de Deus, “que pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” (I Co 1.21). É o evangelho que somente prega “a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos”, que apresenta somente “a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus” (I Co 1.23-24). Ou seja, é o evangelho centralizado em “Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1.30). É o evangelho que anuncia que “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). É o evangelho que mostra a coerência entre salvação e vida santa pois “a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente” (Tt 2.11-12), pois sem a santificação “ninguém verá o Senhor“ (Hb 12.14), pois fomos “eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência” (I Pe 1.2).

Os falsos evangelhos podem aparentar com o verdadeiro evangelho em alguns aspectos, em algumas práticas, no uso de alguns termos, mas essencialmente são diferentes. Estas diferenças devem ser percebidas por aqueles que professam ser cristãos evangélicos. Os falsos evangelhos não glorificam a Cristo, não é apresentado para a glória de Deus. Os homens que os anunciam buscam sua própria glória, ou falam de glória terrestre. São mensagens que alimentam as concupiscências da carne, ao invés de combatê-las. Aumentam o apetite pelas coisas desta terra, pelas riquezas, não considerando que Jesus disse “acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Disseminam o amor ao mundo, mesmo sendo advertidos de que “se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (I Jo 2.15-16). Dizem ao homem que está nele mesmo a forma de alcançar o que ele deseja, seja espiritual ou material. Apresentam formas diversas, externas, para que as pessoas possam conseguir “as bençãos de Deus” com seus próprios esforços. São evangelhos que rejeitam qualquer dor ou enfermidade, e não reconhecem que há enfermidades que são “para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela“ (Jo 11.4). São evangelhos que rejeitam as Escrituras, que nos fazem sábios “para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus“ (II Tm 3.15), e preferem outras supostas fontes como revelação de Deus, fazendo com que muitos desviem “os ouvidos da verdade, voltando às fábulas“ (II Tm 4.4). São evangelhos que apresentam os sinais e maravilhas como provas da aprovação de Deus, não considerando que Jesus advertiu que “surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).

Os falsos evangelhos também possuem seus ministros, que podem ser chamados pelos mesmos nomes que as Escrituras atribuem aos que exercem serviço na igreja. Até mesmo nos dias dos apóstolos eles existiam: “porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (II Co 11.13). Deles o Senhor Jesus já nos tinha advertido: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores” (Mc 7.15). É preciso atentar para a advertência do Senhor, pois eles muitas vezes estão bem próximos de nós. Pedro também advertiu sobre dizendo “houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (II Pe 2.1-3). O apóstolo João também tratou deste assunto e disse: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (I Jo 4.1). Os falsos ministros podem ter “aparência de piedade” (II Tm 3.5), mas Jesus disse que “por seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). Para reconhecê-los é necessário conhecer a Palavra de Deus, para comparar suas vidas e ensino. Cuidado! Eles podem não estar muito longe, mas “em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor” (Jd 1.12). Portanto: Acautelai-vos!!

Mas estes falsos mestres tem muitos seguidores!! São aqueles que preferem um evangelho mais “atual”. Sem tantas exigências, sem a necessidade de uma vida tão santa. Sobre estes Paulo escreveu que “não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências” (II Tm 4.3). Não desejam cumprir a palavra de Deus, e acabam sendo enganados “com falsos discursos” (Tg 1.22). São os que querem os benefícios que Deus pode dar, mas não desejam servir e amar a Deus. Deus é tratado como servo, que deve prover tudo o que eles desejarem. São como a multidão que após a multiplicação dos pães procurou diligentemente a Jesus. Mas Jesus lhes disse “me buscais… porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna” (Jo 6.26-27). São como aquela multidão, que depois que Jesus lhes falou das verdades espirituais “então … tornaram para trás, e já não andavam com ele” (Jo 6.66). São enganados pelos seus próprios corações, e se tornam presas fáceis dos que oferecem um falso evangelho. Buscam o pão, as riquezas, a saúde, o carro, mas não buscam a Cristo.

É lamentável, mas muitos estão crendo em um falso evangelho, seguindo falsos mestres, e vivendo enganados. Diante de tudo isso creio que é necessário seguirmos a recomendação de Paulo: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos” (II Co 13.5). Devemos nos certificar se cremos no verdadeiro evangelho. Os que não creem no verdadeiro evangelho são enganados e tornam-se presas dos falsos mestres. Onde há o verdadeiro evangelho sendo pregado, Cristo é glorificado, pecadores são salvos e vivem uma vida de santificação. Aí estará então uma igreja de Cristo Jesus.

Não nos enganemos. Até mesmo igrejas de tradição histórica, ou que iniciaram buscando viver como a “igreja do novo testamento”, estão abandonando o antigo e verdadeiro evangelho. Como a igreja de Sardes ouvem do Senhor: “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto” (Ap 3.1). Ou como foi dito para Laodiceia: “vomitar-te-ei da minha boca” (Ap 3.16). Muitas já se tornaram seguidoras de um falso evangelho.

Apegue-mo-nos então ao “evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e batalhemos “pela fé que uma vez foi dada aos santos“ (Jd 1.3)

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (I Tm 3.14-17)

6 comentários:

  1. Triste realidade, Fernando, mas sempre há esperança para os que crêem em Cristo. Os últimos versículos de sua postagem deixam claro o caminho que precisamos tomar. Somente nos rendendo aos ensinamentos das Sagradas Escrituras e a conhecendo, teremos as condições de resistir a toda forma de engano, permanecendo e nos firmando no verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

    Deus seja contigo.

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  2. Excelente post Fernando!

    Que Deus abençoe a sua pena para nos edificar com reflexões bíblicas e atuais!

    Grande abraço e bom retorno!

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  3. Que você nunca se cale!!!!
    Amei Papis!
    Deus te abençoe!!!

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  4. Como mim edifica essa post. Digo isso porque o fundamento é Cristo e sua base são as escrituras...Nos alerta do engano religioso, da conduta de um discípulo,do amor ao evangelho, e da gratidão a Cristo Jesus.Deus continue te abençoando meu pai/irmão.

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  5. "Palavra muito boa, objetiva e oportuna, para quem é chegado o tempo do fim."

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  6. Edificante a genuína palavra de Deus clara e objetiva Deus seja louvado.

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