“Mas eu roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça...” Lc 22:32
Estas palavras do Senhor Jesus
me fazem pensar em sua grande misericórdia para conosco. Bem, elas
foram dirigidas a Pedro, num momento que bem conhecemos. Pedro, ah!
Pedro... que negou a Jesus... Mas, muitas vezes, não nos parecem
familiares os fatos que os evangelhos narram?
1. O Senhor que conhece
todas as coisas (Mc. 14.27-31)
O Senhor, que conhece todas as
coisas, disse: “Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim”
(Mc 14.27). Não, Senhor! Pedro reage... “Ainda que todos se
escandalizem, nunca, porém, eu” (v.29). Pedro, meu Pedro! Você
vai me negar... “três vezes”. Mas agora, não somente Pedro, mas
todos os discípulos disseram o mesmo: “Ainda que me seja
necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei” (v. 31). Não
joguemos pedras neles. Paremos um pouco e olhemos para nós mesmos.
Nunca foi encontrado em nós tal comportamento? Nunca fizemos algo
que declaramos veementemente que não faríamos? Nunca “negamos”
o Senhor? Nunca? Nossa esperança é “...que Cristo Jesus veio ao
mundo, para salvar os pecadores...” (I Tm 1.15).
“Mas Deus prova o seu amor
para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores” (Rm 5.8). Esse verso tem uma verdade gloriosa. Pensemos
que Cristo, naquela conversa com os discípulos, estava prestes a ir
a morte. Por eles. Por Pedro. Por mim e por você. Bem. Ele estava se
entregando para morrer em nosso lugar. Mas justamente naquela hora,
ele foi negado. Se escandalizaram dele.
2. O Senhor que se
compadece (Lc. 22.31-3; 54-62)
Me chama a atenção como o
Senhor trata com eles, e em especial com Pedro. Vemos no Evangelho de
Lucas que o Senhor diz a Pedro: “Simão, Simão, eis que Satanás
vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça” (Lc 22.31-32). Ele sabia que seria
desprezado, negado três vezes! Mas se compadeceu de Pedro... rogou
por ele. Que grandioso amor do nosso Senhor!
Quando penso que o Senhor já
sabe de todos os meus pecados, que cometi e vou cometer, e mesmo
assim me amou e morreu por mim. “Porque Cristo, estando nós ainda
fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). Assim como a
Pedro, roga por mim, para que minha fé não desfaleça. Se coloca
como meu advogado (I Jo 2.1).
Mas com isso não estou
dizendo que esse amor nos deixa despreocupados quanto ao pecado. Não!
Seu amor nos conduz para a santidade. Sua benignidade nos leva ao
arrependimento: “desprezas
tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade,
ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?”
(Rm 2.4). Foi assim com Pedro. De certa forma, Pedro precisava
conhecer quão grave era o pecado. Ele ainda não sabia quão
necessitado da graça de Deus ele era. Firmou-se em si mesmo para
dizer: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo
nenhum te negarei”. Isso não pode ser produzido pelo homem.
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a
todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às
concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e
justa, e piamente” (Tt 2.11-12). Sem a graça de Deus não somos
salvos. Sem a graça não vencemos o pecado. A graça de Deus nos
salva e nos ensina a viver "sóbria, e justa, e piamente".
3. O Senhor que conduz à
perseverança (Jo. 21.15-19)
Sabemos como Pedro chorou
amargamente depois de ter negado o Senhor. Pedro caiu em si. Não
diria mais como antes. Não poderia mais confiar em si mesmo. Mas
continuemos. Encontramos Pedro depois da ressurreição de Jesus, e o
Senhor lhe faz uma pergunta inquietante: “Amas-me?”. Duas vezes
pergunta usando o verbo grego "ágape", que indica um amor
sacrificial e incondicional. Pedro responde que ama com “fileo”
(amor-amizade, afeição). Não teve coragem de responder à altura
do amor de Jesus. Quando da terceira vez, Jesus pergunta a Pedro,
desta vez com “fileo”, este se entristece. Mas o que chama a
atenção é o que o Senhor declara a Pedro: “Na verdade, na
verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e
andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as
tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não
queiras” (Jo 21.18). O que Jesus queria dizer? O verso seguinte
responde: “E disse isto, significando com que morte havia ele de
glorificar a Deus”. Pedro iria morrer pelo seu Senhor! Ele seria
capaz de amar com “ágape”! Mas como? “Mas eu roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça...”.
A perseverança de Pedro
estava baseada no amor do Senhor! Em seu amor Ele nos salvou, e em
seu amor Ele nos faz permanecer. “...Pois é Cristo quem morreu, ou
antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de
Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de
Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a
fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8.34-35).
A história de Pedro é a
nossa história. E mais ainda, é a história do amor do Senhor para
conosco. Como em seu amor Ele nos salvou, mesmo sendo pecadores, e em
como em seu amor Ele nos conduz à perseverança, mesmo ainda
pecadores.
“Tendo por certo isto mesmo,
que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao
dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6).
“Mas em todas estas coisas
somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37)