29 de mar. de 2010

O que é essencial?

E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.(Atos 2:42)

Há meses atrás, logo ao iniciar o ano, não por causa do ano novo, mas principalmente pela necessidade de ter uma direção para a igreja que se reúne em nossa casa, iniciamos um dos encontros com duas questões apresentadas aos irmãos. Eram duas perguntas, para as quais gostaria de ouvir a todos, sem interromper ou comentar suas respostas. Apresentei a primeira pergunta e depois de ouvir (e anotar) as respostas, apresentei a segunda. As perguntas tinham o seguinte teor:
1. O que os irmãos acham que tem faltado na nossa vida como igreja?
2. O que os irmãos acham que não pode faltar na nossa vida como igreja?
As respostas à primeira pergunta foram diversas, e pude perceber a expectativa de alguns em relação ao que gostariam que estivesse acontecendo na vida da igreja. Logo que fiz a segunda pergunta, a natureza das respostas se modificou. Há uma diferença substancial entre o que gostaríamos de ter e o que essencialmente devemos ter. As duas listas foram diferentes, mas interessantes. Bem, isso foi somente uma introdução à questão: O que é essencial para a vida da igreja?
Nos dias atuais estamos vendo de tudo (sem exagero) no dia a dia da igreja. As atividades são as mais variadas, e “do lazer ao louvor” vemos a grande influência do mundo. A mentalidade mundana tem invadido a vida da igreja de tal forma que já não temos uma clara distinção entre o que é mundo e o que é igreja. Muitos dos que se agregam à igreja desejam ter no rol de atividades da igreja as mesmas coisas que “faziam no mundo”. Evidente que tudo isso é consequência de um caminho iniciado há tempos atrás. No momento não estaremos tratando destas questões. Assim como tratamos com os irmãos que estão congregando conosco, vou me ater a descrever o que deve fazer parte da vida da igreja. Destas coisas não podemos abrir mão. Será interessante perceber que ao passo que forem estabelecidas as coisas essenciais, muitas coisas serão banidas da vida da igreja. Algumas porque claramente são contrárias ao que é essencial, outras porque são completamente desnecessárias. Quando percebermos o que é mais valioso, o que não tem valor será deixado de lado. 

Uma igreja perseverante
Vejamos a igreja no seu início. Como estavam vivendo? Não podemos deixar de perceber a graça e o poder presente nos primeiros dias da igreja. O derramamento do Espírito Santo, a promessa: “mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra (At 1:8). As grandezas de Deus proclamadas nos idiomas maternos de uma multidão atônita, vinda de diversas partes do mundo (At 2.5-11). A pregação poderosa de Pedro, que declarou: “Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”(At 2.36). O arrependimento experimentado pelos que de corações compungidos foram exortados:”Salvai-vos desta geração perversa” (v. 40).
A igreja naquele dia experimentou um crescimento expressivo: de quase cento e vinte discípulos (At 1.15) para mais de três mil (At 2.41). Em muitos contextos um crescimento repentino e tão grande (2600%!!) estaria gerando uma instabilidade muito grande. Seria muito fácil os recém-chegados, com seus costumes e práticas, influenciar a minoria que já estava estabelecida. Mas não foi o que aconteceu. Somos informados que “... naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.41-42). A multidão que foi batizada passou a perseverar nas coisas que a igreja perseverava. O texto indica uma continuidade. Que grande diferença da igreja dos nossos dias, onde vemos muitos argumentando que quando a igreja cresce, obrigatoriamente ela perde a simplicidade de sua prática. O texto bíblico testemunha de forma contrária.
O que percebemos de início é que a igreja perseverava. Ora, perseverar é permanecer, continuar, ser constante, persistir nas mesmas coisas. Algo muito diferente da mentalidade dos nossos dias, que exalta a busca de novidades. Que não se conforma com fazer e praticar as mesmas coisas. Na igreja do começo era diferente. Eles perseveravam.
Na igreja contemporânea, a mentalidade mundana tem impregnado a visão de tal forma que as novidades fazem parte da agenda do dia. Existe um ciclo vicioso em que se alimenta os desejos (concupiscências) das pessoas, que sedentas, vivem buscando novidades, num consumismo desenfreado. Isso tem levado a valorização do pragmatismo na vida da igreja, onde para atrair as pessoas se utiliza do “que dá certo”, não importando se há qualquer instrução ou definição nas Escrituras sobre determinadas práticas. Se dá certo, é “porque foi abençoado por Deus”. E isso tudo se completa com uma mentalidade imediatista, de querer resultados “aqui e agora”. Se funciona, e dá resultados “satisfatórios e imediatos”, então esse é o método, essa é a prática. “Perseverar nisso? Mas não dá resultado? Por que esperar tanto tempo com isso, se podemos ter logo fazendo aquilo?” Essas frases são apresentadas como questionamentos aos que desejam continuar, persistir, perseverar...
Definitivamente, não podemos usar o padrão do mundo para medir a igreja. Quanto mais ela se torna atrativa para o mundo, mais ela será rejeitada pelo Senhor. O Senhor tem dito: “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto. Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te” (Ap 3.1-3).
A igreja deve perseverar. Não pode inventar novidades, importar coisas do mundo. Nos temos sido chamados para guardar o que temos recebido do Senhor, em sua Palavra. Não temos autorização de buscar outras fontes, de “testar outros métodos”, nem tampouco aceitar o conselho dos ímpios no que devemos fazer na igreja.


... continua no próximo post

Novas postagens...

Nos próximos posts estarei compartilhando temas que tenho tratado com os irmãos que reúnem em nossa casa.
Desejo estar postando semanalmente, mas caso não seja possível, peço que tenham paciência com este blogueiro das horas não muito vagas.
Comentários serão bem vindos. Especialmente porque sei que é possível não ter esclarecido devidamente um assunto, ou ainda, que exista algo que necessite de alguma correção.
Então, meus amados irmãos, que estejamos nos submetendo à Palavra de Deus, eterna e infalível.

Em Cristo,

Luiz Fernando, seu servo.